Abu Dhabi

Depois de uma curta estadia em Dubai, veio a hora de irmos à Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes. Nós fomos de carro em meio a uma tempestade de areia. Era muito vento e MUITA areia. Mesmo assim, a viagem foi muito tranquila com a Clara dormindo quase o tempo todo. Como estávamos lá para um módulo do EMBA do Thomas, e portanto a estadia seria mais longa, ficamos hospedados no Marriott Executive Apartments o que foi uma excelente ideia por alguns motivos. Em primeiro lugar, era um apartamento espaçoso e portanto a Clara podia dormir em um cômodo no silêncio enquanto eu via televisão na sala por exemplo. Segundo, tinha cozinha. Isso eu considero mais importante para quem tem bebês mais velhos, que já comem sólidos (poder dar um café da manhã em casa logo que acorda é muito melhor que ter que sair atrás de restaurante pela manhã). Terceiro, quase todos os colegas do Thomas ficaram hospedados lá. Dois colegas dele foram acompanhados por suas mulheres e um dos casais ficou hospedado no Marriott, ou seja, não só tinha alguém para sair comigo, mas alguém que me acompanhava e me ajudava com bolsas, carrinho e etc durante todo o trajeto do passeio. O staff do hotel também era muito simpático e sempre dispostos a acomodar nossas necessidades. Por exemplo, várias vezes iam limpar nosso apartamento e se a Clara estivesse dormindo, eles voltavam mais tarde sem problema algum.

A localização era outra vantagem do Marriott. Com o Thomas passando o dia todo em aula e eu sozinha, com muito sono e com um bebê de três meses, confesso que me aventurei muito pouco. Para minha sorte, do outro lado da rua havia um shopping enorme, o Al Wahdah Mall. Eu praticamente morei nesse shopping. Com todas as lojas possíveis e imagináveis, um Starbucks (só Deus sabe como eu precisava de café nessa época), restaurantes de todos os tipos e um supermercado enorme no subsolo, eu não precisava de mais nada. Além de tudo isso, havia trocadores de bebê super limpos e salas de reza em todos os andares, as quais eu usava para amamentar. Era também um lugar ótimo para observar pessoas. As mães emiratis chegando no Starbucks com suas babás (sim,  babás no plural), os expatriados de tantos países diferentes, as tantas línguas faladas. Algumas noites o Thomas jantava com colegas ou estudava até tarde, então era muito comum eu ir ao shopping para jantar. Eu amo comer fora sozinha, e com a Clara tão pequena, era só colocá-la no sling, ou carrinho, e curtir minha refeição.

O primeiro passeio que fizemos, logo no dia seguinte que chegamos, foi um tour à mesquita Sheik Zayed, a maior mesquita em Abu Dhabi, com capacidade para até 40.000 pessoas! O passeio foi organizado pelo EMBA do Thomas e assim que se encerraram as aulas naquele dia, todos os alunos  e familiares se encontraram na entrada do INSEAD para pegar o ônibus que nos levaria à mesquita. Como o Thomas já estava lá, eu e Clara fomos ao encontro dele.  Não é preciso dizer que ela foi o centro das atenções no ônibus. Todo mundo querendo segurá-la, fazendo gracinhas e ela super tranquila e risonha como de costume.

Mesquita Sheik Zayed

Ao chegarmos, logo na entrada, homens e mulheres eram temporariamente separados pois a mesquita é bastante rigorosa com as roupas. Mulheres precisam estar de abaya e hijab e homens de calça comprida. Essas roupas estão disponíveis gratuitamente na entrada. Quando cheguei dentro da sala onde as turistas pegam suas abayas e hijabs, Clara estava chorando de fome. Nessa sala só havia uma cadeira, para a funcionária da mesquista, que parecia estar de mau humor já que havia um grande número de turistas pegando as roupas sem autorização. Porém, quando ela viu que eu estava com uma bebê ela se levantou e cedeu a cadeira dela, além de ter me ajudado a colocar a abaya na maior boa vontade.

Devidamente vestida iniciamos o passeio. A mesquita é simplesmente linda, ainda mais à noite, com a iluminação. Algumas partes são reservadas para mulheres, e outras para homens, outras são mistas. Em vários locais da mosquita é necessário retirar os sapato, mesmo assim, os funcionários permitiram que entrássemos com o carrinho de bebê, o que eu achei super legal da parte deles. Os banheiros eram impecáveis, os mais limpos que eu já vi na minha vida.

Mesquita Sheik Zayed

Dois dias depois eu me encontrei com as meninas que foram acompanhando os maridos, a Karina, também brasileira e a Wendy, de Singapura. Começamos com um almoço no famoso Corniche que possui vistas lindas, praia, restaurantes ao ar livre e excelente infraestrutura, que inclui trocadores de bebê. De lá decidimos andar até o Emirates Heritage Club. É uma caminhada longa e só foi possível com a Clara porque estava “frio” (20 graus). Porém, teria sido impossível fazer essa caminhada com um bebê em um dia de calor nos Emirados.

O Corniche

O Heritage Village é um lugar interessante. O objetivo dele é mostrar um pouco de como é a vida dos beduínos, os povos que vivem no deserto. Para quem gosta de experiências genuínas e detesta coisas turísticas, não recomendo esse passeio. Porém, para quem está com crianças muito pequenas é um passeio muito legal. A idéia do lugar é mostrar o dia-a-dia dos povos que vivem no deserto e ao mesmo tempo mostrar um pouco da história dos Emirados. Há exibições de arte, lojinhas e alguns animais típicos da região como camelos. O lugar é meio Epcot Center??? Sim! Completamente! Para quem quer ver o deserto de verdade, há a possiblidade de fazer esse passeio também, porém, com a Clara tão pequena, preferi deixar para a próxima(o Thomas e os colegas de fato fizeram o tour ao deserto e disseram que não tinha muita infraestrutura, obviamente havia muita areia e à noite esfriou bastante. Fiquei feliz de não ter ido). No Heritage Village, deu para ter o “gostinho” mas com acesso à banheiro, lugar para trocar fralda e caso tivesse algum problema, estava pertinho do hotel. A entrada do Heritage Village é gratuita. Um ponto negativo, é que é difícil pegar um táxi na porta e portanto recomendo que reserve um táxi para a volta antes mesmo de ir.

Heritage Village

Alguns dias depois foi a vez de nós irmos ao Emirates Palace, um hotel de luxo parte da rede Kampinski. A maior parte do hotel é decorada em mármore e ouro. Eu particularmente, achei meio cafonão, mas vale à pena a visita. O must desse passeio é tomar o tal do café de ouro. O Palace Capuccino, servido por AED 73 (R$ 76) é um capuccino normal, polvilhado com flocos de ouro 24K, servido no Le Café dentro do hotel. Analisando friamente,  o Emirates Palace é um passeio a um lugar cafona que serve o café mais caro que você vai tomar. Mas como quem está na chuva é para se molhar, vale ver o espetáculo. Para não dizer que o lugar é pura breguice, nós fomos até a marina do hotel que é realmente bonita, com bangalôs onde os hóspedes podem jantar.

O Palace Capuccino

O último passeio turístico que fizemos foi  ao World Trade Center Souk, nomedado aos mercados tradicionais. Achei esse souk muito longe de ser um mercado tradicional estando mais próximo de um shopping. Porém, é possível ver lojas vendendo produtos típicos como temperos, tecidos e jóias além de ter ar-condicionado, banheiros e restaurantes. Ou seja, para quem está com criança pequena é bastante conveniente. Mas me bateu uma saudade da nossa viagem à Kashgar na China, muitos anos atrás. Lá sim, nós andamos por mercados tradicionais nada turísticos.

No nosso último dia em Abu Dhabi, fomos à piscina do hotel, que era parcialmente coberta e portanto segura para a Clara. O clima era bem animado com todos os colegas do Thomas comemorando o final das aulas. Foi meu primeiro vinho na beira da piscina desde de o nascimento da Clara (na beira da piscina porque o primeiro vinho eu tomei no Natal!). A volta para casa foi novamente muito tranquila, sem nenhum problema no voo ou  aeroporto.

Dicas de Dubai e Abu Dhabi

  • Algumas pessoas acham os Emirados um lugar muito artificial. Eu concordo, mas achei super conveniente ter toda a infraestrutura disponível, especialmente por ter passado muito tempo sozinha com uma bebê de três meses.
  • Dubai e Abu Dhabi tem uma excelente variedade de mercados e lojas e portanto não precisa “carregar a casa nas costas”. Lembro que levei um mundo de saquinhos de guardar leite porém era um produto super fácil de achar.
  • Para mulheres amamentando: A amamentação em público é permitida mas recomendo discrição. Com a manta, amamentei em público sem nenhum problema. Em espaços exclusivamente femininos nem é preciso se cobrir. Para as que dão fórmula: não chequei marcas e preços mas me lembro de haver variedade e disponibilidade.
  • Em geral faz muito calor nos Emirados o que pode ser perigoso para bebês e crianças menores. Redobre os cuidados.